terça-feira, 15 de outubro de 2013

Dia do Professor: paixão pelo magistério atravessa três gerações!!


Dona Margarida, suas filhas e seus netos professores no Colégio Santa Terezinha, em São Gonçalo

Dona Margarida, suas filhas e seus netos professores no Colégio Santa Terezinha, em São Gonçalo Foto: Marcelo Martins / Extra
Diego Barreto
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Bate o sinal no Colégio Santa Terezinha, e Margarida Maria Bastos de Souza, 84 anos, está pronta para mais um dia de trabalho. Tem sido assim nos últimos 66 anos. Por mais de seis décadas, ela ajuda a formar gerações de estudantes na instituição, em São Gonçalo. O amor pelo magistério está no DNA desta professora, e isso talvez explique a opção profissional de cinco filhas e três netos, que também nutrem a mesma paixão pela sala de aula.
- O magistério está no sangue. Mas nunca houve imposição para a escolha de carreira. Acho que eles acabaram seguindo pelo exemplo, meu e da tia - diz dona Margarida, fazendo referencia à cunhada Aída Vieira de Souza, a já falecida fundadora do colégio.
Hoje, dona Margarida trabalha com as filhas Maria Aparecida, Aída e Lúcia Helena e os netos José Eduardo e Marcelle. Orientadora pedagógica da escola, ela faz questão de estar nas salas de aula, com a mesma vitalidade de quando assumiu sua primeira turma, aos 17 anos.
- Isso aqui é a minha vida - resume a professora, que fez da escola uma extensão da família.
Não é à toa que as crianças, que a recebem com carinho a cada visita à sala de aula, que a tratam como ‘Vó Margarida’.
Dona Margarida é recebica com carinho pelos alunos do Colégio Santa Terezinha, em São Gonçalo
Dona Margarida é recebica com carinho pelos alunos do Colégio Santa Terezinha, em São Gonçalo Foto: Marcelo Martins / Extra
Primeira a seguir a carreira da mãe, Maria Aparecida, de 60 anos, lembra os "castigos" aplicados pela tia Aída aos alunos bagunceiros.
- Nossa escola sempre foi uma grande família. Quando um aluno fazia mais bagunça, o castigo era ir almoçar e estudar na casa da tia Aída. Mas era um castigo tão bom, que todo mundo queria aprontar de novo - conta Aparecida, que hoje é diretora da escola.
Os tempos e os métodos mudaram, lembra dona Margarida. Mas, desde a fundação da escola, a missão que ela e depois sua família assumiram, é a mesma, garante:
- Nosso colégio começou com dois bancos debaixo de uma jaqueira. Desde então, cresceu. Mas Aída, eu, meu marido e os que vieram depois sempre tivemos como lema formar pessoas. Isso não mudou nem vai mudar - conclui.
Dona Margarida mostra fotos antigas do colégio em que trabalha há 66 anos
Dona Margarida mostra fotos antigas do colégio em que trabalha há 66 anos Foto: Marcelo Martins / Extra
As demonstrações de carinho dos alunos com dona Margarida já foram além de abraços. Ela lembra a época em que voltava para casa com presentinhos trazidos pelos estudantes
- Os tempos hoje são outros, a relação com o professor mudou. Sinto saudades do tempo em que era surpreendida com uma flor ou até uma laranja. Hoje tem carinho, mas é diferente.
Lúcia Helena concorda com a mãe.
- Infelizmente, algumas vezes a escola não é vista como parceira na educação dos filhos. Mas aqui tentamos ao máximo uma relação de proximidade com alunos e pais - diz a professora.
Para Margarida de Souza, o magistério é um dom.
- O professor tem que ter os alunos como filhos. Além dos 13 filhos que Deus me deu, eu tive muitos em sala de aula. Valeu a pena! Sinto isso quando um pai ou avô de aluno vem e diz "a senhora foi minha professora". Esses alunos são um pouco filhos, um pouco netos.
Uma família com vocação no ensino público
"Sou cria da escola pública e acredito nela. Sempre sonhei ser professora e sou apaixonada pelo que faço". Para Ana Lúcia Blanc, de 63 anos, ensinar sempre foi um sonho. Não por acaso ela está no centro de uma família onde a profissão também passou de geração para geração.
Gerações no ensino: Elza Resende Silva, Ana Lucia de Souza e Izabel de Souza
Gerações no ensino: Elza Resende Silva, Ana Lucia de Souza e Izabel de Souza Foto: Roberto Moreyra / Extra
Ana, que hoje é diretora adjunta do Ciep Nação Mangueirense, conta ter se inspirado na tia Elza Rezende da Silva, de 73 anos.
- Eu queria tanto ser professora que até imitava a letra da minha tia. Dava aula para bonecas e para as crianças menores da vizinhança - lembra Ana, que, por sua vez, acabou sendo inspiração para a filha Isabel Blanc Mendes, de 32 anos.
- Brincava de dar aula e sempre ficava pedindo para ajudar minha mãe a preencher diário de classe. Mas nunca imaginei que seria professora. Hoje o carinho pelos alunos é maternal. Professor pensa nos alunos 24 horas - diz Isabel, que é professora de Educação Física no Colégio Estadual José Leite Lopes (Escola Nave). Elza conta que a sala de aula lhe proporcionou diferentes vivências.
- Comecei dando aula para os pequenos de 1ª a 4ª série e me aposentei dando aula para adultos no supletivo. Sempre tive muita sorte com bons alunos e boas equipes, e o trabalho sempre foi motivo de satisfação. As três fazem coro ao destacar o papel do professor na formação dos alunos.
- O magistério era visto quase como sacerdócio. Aconteceram avanços e hoje temos uma estrutura melhor. Mas não esqueço que para muitos alunos, sou a única fonte - diz Ana.

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