domingo, 13 de outubro de 2013

Aluna do CURSO NORMAL passa nos primeiros lugares na UFRJ com esforço e ajuda do CEDERJ. Vejam aqui:

Alunos prodígio da rede pública do Rio superam dificuldades e se destacam no Enem e nos vestibulares

Jonathan acredita que falta de acesso a cultura é um limitador para quem mora na favela Foto: Roberto Moreyra / Extra
Diego Barreto
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Coragem e determinação. As duas palavras são repetidas por Jonathan Caroba, Aimée Mello, os dois de 18 anos, e Melina Pires da Silva, de 19 anos, para resumir a trajetória escolar que tiveram até chegarem ao ensino superior. Filhos de famílias humildes e ex-alunos de escolas da rede pública, eles conseguiram as primeiras colocações em processos seletivos para as maiores universidades do Rio. Deixaram para trás milhares de concorrentes e dificuldades que vão além de deficiências na infraestrutura escolar.
- Muitas vezes, as aulas eram interrompidas por tiros. Nesses dias o colégio fechava cedo, tínhamos que ir embora - diz Jonathan, lembrando o tempo em que estudou no Ciep Operário Vicente Mariano, na Maré.
O rapaz, que cursou o Ensino Médio no Colégio Estadual José Leite Lopes (Nave), foi o 3º colocado dentre os 1.500 que disputaram as 50 vagas do curso de Jornalismo da Uerj em 2012. Ele diz que, mesmo enfrentando dificuldades, sempre acreditou que estudar faria a diferença.
- Muitos colegas de escola não concluíram nem o fundamental. Mas sempre tive determinação e acreditei que estudando eu chegaria lá. Depois que eu comecei na escola Nave (a instituição, oferece cursos técnicos na área de programação de jogos e roteiros para mídia), percebi como falta cultura para quem mora na favela. Isso é mais um obstáculo para crescer. Eu descobri também que lutando pelo que você sonha, não importa de onde você veio, onde mora, onde estudou. Não importa nada disso. O que vale é estudar e seguir em frente. Agora o que eu quero é terminar minha faculdade, passar pelas diversas áreas do Jornalismo e dar orgulho aos meus pais, que tanto sacrifício fizeram por mim.
Moradora de Magé, na Baixada Fluminense, Melina, passou entre as primeiras colocadas para a faculdade de Pedagogia da UFRJ depois de atingir a nota máxima (mil pontos) na redação do Enem de 2012. Por ter feito o curso normal no ensino médio, ela conta que precisou recuperar disciplinas que não teve no Colégio Estadual José Veríssimo.
Melina sonha com a carreira do magistério
Melina sonha com a carreira do magistério Foto: Roberto Moreyra / Extra
- O curso normal não tem todas as matérias cobradas no Enem. Estudei em casa e no Pré-Vestibular do Cederj (Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro). Quando soube da nota máxima em redação, tomei um susto - conta ela. E emenda:
- Estudei na rede pública e escolhi o curso normal no ensino médio porque sempre sonhei em dar aula. Quero fazer por outros estudantes o que os meus professores fizeram por mim. Passar para a faculdade de Pedagogia é a realização de um sonho. Eu sabia que meus pais não teriam condições de pagar uma universidade, por isso fiz o meu máximo
Aimée Mello, de 18 anos, saiu do Colégio Estadual Miécimo da Silva, em Campo Grande, para a faculdade de Jornalismo do Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais (Ibmec). Ela conquistou bolsa integral na instituição privada após participar de um processo seletivo, em 2012, para alunos da rede estadual.
Aimée conseguiu bolsa integral em universidade
Aimée conseguiu bolsa integral em universidade Foto: Terceiro / Seeduc
- Jornalismo tinha só uma vaga. Mas não desanimei. Consegui a vaga. Fiquei em segundo lugar geral - lembra, orgulhosa.
Planejamento para estudar fora da escola
Para se destacarem no Enem e em vestibulares, os três estudantes também recorreram a um planejamento de estudos. Eles complementavam o que apreendiam em sala de aula com revisões diárias das matérias e baterias de exercícios.
- Cada dia estudava uma coisa, treinava muita redação. Sempre gostei muito de ler e escrever. Acho que isso foi importante para eu pontuar tão bem na redação - diz Melina.
Jonathan seguia fórmula parecida. Ele também compartilhava estudos e livros com amigos.
- Como no colégio eu ficava dez horas por dia, não sobrava tempo para cursinhos. Estudava sozinho e com amigos em casa. Tem que ter força de vontade, só assim a pessoa consegue.
Aimée, que já está estagiando na assessoria de imprensa da Secretaria estadual de Educação, diz que o aluno tem que saber aproveitar tudo o que a escola oferece.
- Mesmo na rede pública, onde existem dificuldades, existem também oportunidades. Eu sempre agarrei todas as que foram oferecidas.

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