sábado, 22 de março de 2014

Sem cota, candidato de medicina no Sisu precisa de ao menos 752 pontos. Entendam:


Essa foi a menor nota de corte da carreira no Sisu do primeiro semestre.

Na Ufac, candidato teve de fazer 752,43 pontos na primeira chamada.


Arte - medicina - Sisu (Foto: Arte/G1)
A menor nota de corte de um curso de medicina na edição do primeiro semestre do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) sem qualquer política de cota foi 752,43, segundo levantamento feito pelo G1. Essa nota mínima foi registrada na graduação em medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac), uma das 53 instituições federais de ensino superior que ofereceram vagas na carreira pelo sistema do MEC.
G1 obteve com exclusividade os dados do Ministério da Educação via Lei de Acesso à Informação, e publica, desde quarta-feira (19) até esta sexta (21), uma série de reportagens sobre o desempenho de cotistas no Sisu 2014 (veja abaixo as outras reportagens publicadas).
A nota de corte mais alta (não só de medicina como de todos os mais de 4 mil cursos oferecidos no Sisu) foi da Universidade Federal do Pará (UFPA): 871,31. Um dos motivos é o fato de a instituição ter oferecido um bônus de 10% na nota dos candidatos que cursaram o ensino médio em estados da Região Norte, além de ter oferecido um número reduzido de vagas, o que acirrou a concorrência da carreira na instituição.
Em segundo lugar entre as notas mínimas para passar em medicina está o curso da UFRJ, com uma nota de corte de 822,82. O da UnB aparece em terceiro no ranking (818,31 pontos). Já para os cotistas, a nota de corte mais baixa para medicina foi registrada na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Alunos negros, pardos ou índios que cursaram todo o ensino médio em escola pública precisaram de ao menos 695,22 pontos para serem aprovados na primeira chamada na instituição maranhense.
A nota de corte acaba caindo nas chamadas posteriores, já que alguns estudantes também são aprovados em cursos não participantes do Sisu, como os da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por exemplo.

Sisu x vestibular tradicional
Estreante no Sisu, a UFPA destinou apenas 10% das vagas de seu curso de medicina ao sistema e concedeu um bônus de 10% a mais na nota do Enem aos estudantes da Região Norte, o que fez a nota de corte disparar na carreira.
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), assim como a UFPA, aderiu ao Sisu pela primeira vez nesta última edição, mas já com 100% de suas vagas. São 80 para o curso de medicina, e a nota mínima para passar na primeira chamada foi de 805,72 (a quinta maior nesta carreira).
Sisu 2014 - raio-x (Foto: Arte/G1)
De acordo com André Cabral, professor do departamento de clínica médica da UFMG, por enquanto ainda não foi feita uma pesquisa sobre as características da primeira turma selecionada pelo Sisu, mas, à primeira vista, o perfil do grupo de aprovados, que iniciou as aulas há cerca de um mês, se assemelha ao dos calouros de anos anteriores.

Embora usem a nota do Enem, as instituições participantes do Sisu podem aplicar seus próprios filtros para selecionar os candidatos de acordo com o perfil acadêmico que ache mais adequado a um determinado curso. Por exemplo, um curso de medicina pode dar mais peso à nota do candidato na prova de ciências da natureza, e um de economia pode valorizar mais a nota da prova de matemática.
Por isso, a nota de corte da primeira chamada do Sisu não é necessariamente igual à nota dos candidatos no Enem. Mas, considerando a média aritmética das notas máximas das quatro provas objetivas do Enem 2013, 752,43 pontos representa um aproveitamento de 84% do exame. A nota mínima entre cotistas, de 695,22, equivale a um aproveitamento de 78%.
Segundo o professor da UFMG, esse aproveitamento se assemelha ao exigido dos candidatos de medicina de vestibulares tradicionais. "O Enem, ao longo dos anos, deixou de ser um exame de avaliação do ensino médio para ser um exame de acesso. E, como um exame de acesso, ele aumentou a dificuldade para atender exatamente a esses cursos muito concorridos, porque ele tem que dar conta de discriminar", explica Cabral.
Concorrência
De acordo com ele, na última década, a concorrência dos vestibulares de medicina aumentou vertiginosamente, o que provocou a profissionalização dos cursos pré-vestibulares. Hoje, segundo ele, os candidatos que postulam uma vaga na carreira precisam estar entre os mais preparados.
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O Enem, ao longo dos anos, deixou de ser um exame de avaliação do ensino médio para ser um exame de acesso. E, como um exame de acesso, ele aumentou a dificuldade para atender exatamente a esses cursos muito concorridos, porque ele tem que dar conta de discriminar"
André Cabral,
professor da UFMG
"Os alunos da medicina são muito bons, então chegam próximo do limite." Cabral afirma que a expansão do Sisu já fez com que muitos cursinhos mudassem seu perfil para se especializar no Enem.
O sistema do MEC, diz o professor, tem a vantagem de ser um exame único nacional e, por isso, "a pessoa não precisa gastar tanto com inscrições isoladas em cada faculdade".

Outra vantagem do Sisu que pode permitir a seleção dos candidatos mais preparados é o fato de, na abertura das inscrições, cada estudante já ter a sua nota na prova, ao contrário dos vestibulares, onde a inscrição acontece antes do exame. Além disso, as notas de corte parciais divulgadas periodicamente durante o período de inscrição ajudam os alunos a saber se têm chances de serem aprovados, ou se é melhor se conformarem com outra instituição, ou até outra carreira.

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