domingo, 19 de maio de 2013

C.E. Júlia Kubitschek reduz evasão escolar de adolescentes gestantes com projeto de biologia



O Colégio Estadual Júlia Kubitschek, localizado no Centro do Rio de Janeiro, conseguiu reduzir a zero a evasão escolar ao apoiar totalmente as jovens que engravidam antes de completar a maioridade. A instituição de ensino, que atualmente tem três estudantes gestantes e dez mães, oferece todo o apoio às moças, que são incentivadas a manter os estudos. A iniciativa surgiu quando o professor de Biologia João de Melo Alves percebeu que era preciso mudar a forma de lidar com o assunto. Ao mesmo tempo em que passou a dar suporte às mamães adolescentes, a instituição investiu também em aulas sobre prevenção e doenças sexualmente transmissíveis.

Na disciplina Sexo e Sexualidade e em palestras sobre o tema, meninas e meninos tiram dúvidas sobre o funcionamento dos aparelhos reprodutivos, prevenção e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).


– Eu tinha que dar autoestima para elas incentivando-as a continuar os estudos. Algumas assistiram e assistem às aulas com os filhos. Este é o nosso diferencial. Por outro lado, estamos investindo na prevenção e acho que está dando resultado. Creio que estas meninas estão mais conscientes de que é preciso se prevenir ao ter uma relação sexual. Estou tirando o terrorismo, dizendo que elas podem e devem respeitar o próprio corpo, que é preciso usar camisinha com o namorado, seja por conta da gravidez ou por causa das DSTs, além de métodos contraceptivos. Se o companheiro não quiser usar, ele não estará respeitando a sua parceira – explicou o professor João Alves, que no ano passado foi indicado ao prêmio do Globo Faz Diferença pelo projeto inovador.

Grávida de sete meses, Joanna Cristhyne Monteiro, 17 anos, não pensa em parar de estudar no C. E. Júlia Kubitschek mesmo após o nascimento de seu filho. O apoio da instituição de ensino foi fundamental para que a menina pudesse lidar com a sua nova realidade.

– A aula ajuda a gente a tirar nossas dúvidas sobre prevenção. O professor sempre nos orientou a como se prevenir. Comigo a camisinha estourou porque foi mal colocada. Agora estou curtindo a gravidez, mas foi difícil. Se tivesse que dar uma mensagem para as meninas, diria que tem que se cuidar, porque gravidez não é brincadeira – disse Joanna. 

Mãe de uma criança de 6 anos, Amanda da Silva Teixeira contou sua história a outras meninas de sua idade em palestra realizada no colégio. A jovem de 20 anos, que após ter tido o bebê ingressou na instituição, considera a iniciativa do professor de Biologia muito importante para conscientizar as adolescentes.


– Decidi participar para poder falar sobre o que eu já passei como mãe. Alerto sempre as meninas que a prevenção é fundamental, o filho me atrasou nos estudos, mas em nenhum momento desisti. Quando a gente é jovem, nunca acredita que realmente vai acontecer com a gente. A disciplina de Sexo e Sexualidade é muito importante para estas meninas – afirmou Amanda.

Atenta às explicações do professor, Sabrina Santos, 16 anos, se diz mais consciente. Ela considera a aula sobre sexualidade e reprodução uma das melhores da unidade escolar.

– Tiramos muitas dúvidas e nos sentimos à vontade para falar, dizer o que pensamos e pedir explicações. A aula é muito interessante e importante – contou a estudante.


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