terça-feira, 4 de dezembro de 2012

04 Dez - Exemplo na zona oeste: Gari Renato Sorriso é o único dos 10 irmãos a cursar uma faculdade.

Renato Sorriso: bom humor e simpatia na faculdade

O gari Renato Sorriso com o caderno com as lições de Turismo
O gari Renato Sorriso com o caderno com as lições de Turismo Foto: Bruno Gonzalez / Extra
No pátio da universidade, em Realengo, Renato Luiz Lourenço, de 48 anos, relembra uma frase que ouvia de sua mãe: "estuda, menino, senão você vai ser lixeiro". Ela acertou, mas na ordem inversa. E o gari Renato, que virou Sorriso no carnaval de 1997, varreu as ruas, ou melhor, a Marquês de Sapucaí, para voltar a estudar.
Desde aquela sambadinha durante o expediente, tendo a vassoura como estandarte, ele virou uma espécie de embaixador do Rio. Os aplausos do Setor 1 anunciavam o que estava por vir. E como no verso "E cante um samba na universidade", de Candeia, a profecia se cumpriu e o gari teve seu "Dia de Graça" naquele carnaval.
— Agradeço ao seu Guilherme, que me proibiu de sambar naquele dia. E à plateia, que acabou tomando as minhas dores — diz Renato Sorriso, estudante do quinto período de Turismo na Faculdade São José, em Realengo.
A oportunidade da bolsa de estudos surgiu há três anos, quando, numa entrevista, o gari disse que gostaria de fazer um curso superior na área. Dias depois, recebeu o convite.
Mesmo quando tiver o canudo em mãos, ele afirma que jamais deixará a vassoura, seu "passaporte". Com ela, ele já viajou para seis países.
— Acredito que tem mais gente precisando de mim varrendo a rua do que sambando ou fazendo outra coisa — diz o gari, que bate ponto na Praça Xavier de Brito, na Tijuca:
— Já tentaram me tirar de lá, mas os moradores não deixaram.
Experiência de vida para dar e vender
Como profissional de Turismo, Renato Sorriso, o único de dez irmãos a chegar a uma faculdade — o que mais avançou nos estudos chegou ao 8º ano do fundamental — ele pensa na cidade:
—- Será que agora alguém está pichando o Cristo Redentor? Posso vir a atuar fiscalizando nosso patrimônio.
Dos colegas da Comlurb, ele costuma ouvir perguntas como "para ir a São Paulo precisa de passaporte?", "como é uma faculdade?", que gosta de responder.
Dos colegas de sala de aula, também. Afinal, ele, morador de Tomás Coelho e criado em Madureira, ambos na Zona Norte, já representou o Rio em diversos eventos no exterior, como, por exemplo, na festa de encerramento das Olimpíadas de Londres.
— A experiência dele é importante para os alunos. Muitos aqui trabalham para pagar a faculdade, e nunca tiveram a oportunidade de viajar — diz a professora Simone Dantas.
Depois do Turismo, Renato Sorriso, que acabou de ganhar bolsa de estudos num curso de inglês, pretende estudar também gestão ambiental.
— Acho que vai ajudar na minha profissão.

Fonte: http://extra.globo.com/noticias/rio/zona-oeste/renato-sorriso-bom-humor-simpatia-na-faculdade-6893460.html#ixzz2E5sdzSS4

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