domingo, 29 de dezembro de 2013

DIRETOR UNIDADE ESCOLAR: Entenda o papel do líder da escola, encarregado de orquestrar a administração da instituição, o fazer pedagógico e a relação com a comunidade.

Entenda o papel do líder da escola, encarregado de orquestrar a administração da instituição, o fazer pedagógico e a relação com a comunidade
Escola organizada e limpa, equipamentos funcionando, contas em dia, funcionários em ação, comunidade participativa - e, acima de tudo, alunos aprendendo. Esse é o cenário ideal para uma instituição de ensino. Não se chega a ele sem muito trabalho e sem a presença de um diretor à sua frente. Ele deve ser um profissional que, na definição clássica do pesquisador Antônio Carlos Gomes da Costa, conjuga três perfis básicos:
  • Administrador escolar: mantém a escola dentro das normas do sistema educacional, segue portarias e instruções, é exigente no cumprimento de prazos;
  • Supervisor pedagógico: valoriza a qualidade do ensino, o projeto pedagógico, a supervisão e a orientação pedagógica e cria oportunidades de capacitação docente;
  • Líder sociocomunitário: preocupa-se com a gestão democrática e com a participação da comunidade, está sempre rodeado de pais, alunos e lideranças do bairro, abre a escola nos finais de semana e permite trânsito livre em sua sala.




Não é uma tarefa fácil. O diretor precisa ter conhecimento e sensibilidade para lidar com os diversos aspectos que interferem no bom funcionamento da escola que dirige: do domínio das questões financeiras e legais à comunicação com pais, do relacionamento entre os funcionários à gestão da infraestrutura do local. A lista abaixo dá uma ideia da complexidade de sua atuação:
As principais funções do diretor
  • Cuidar das finanças da escola;
  • Prestar contas à comunidade;
  • Conhecer a legislação e as normas da Secretaria de Educação para reivindicar ações junto a esse órgão;
  • Identificar as necessidades da instituição e buscar soluções junto às comunidades interna e externa e à Secretaria de Educação;
  • Prezar pelo bom relacionamento entre os membros da equipe escolar, garantindo um ambiente agradável;
  • Manter a escola esteja limpa e organizada;
  • Garantir a integridade física da escola, tanto na manutenção dos ambientes quanto dos objetos e equipamentos;
  • Conduzir a elaboração do projeto político-pedagógico, o PPP, mobilizando toda a comunidade escolar nesse trabalho e garantindo que o processo seja democrático até o fim;
  • Acompanhar o cotidiano da sala de aula e o avanço na aprendizagem dos alunos;
  • Ser parceiro do coordenador pedagógico na gestão da aprendizagem dos alunos;
  • Incentivar e apoiar a implantação de projetos e iniciativas inovadoras, provendo o material e o espaço necessário para seu desenvolvimento;
  • Gerenciar e articular o trabalho de professores, coordenadores, orientadores e funcionários;
  • Manter a comunicação com os pais e atendê-los quando necessário.
Todo esse trabalho, no entanto, não pode ser solitário. O diretor, como líder da escola, deve envolver sua equipe de professores, coordenadores, orientadores e funcionários no planejamento e execução das tarefas. Além de garantir uma gestão transparente e democrática, saber delegar é fundamental para dar conta do trabalho.
Essa articulação e parceria entre todos os profissionais deve sempre visar à meta principal de toda e qualquer escola: a aprendizagem dos alunos. Afinal, é função primordial do gestor prezar pela qualidade do fazer pedagógico da instituição que dirige, não sendo apenas um provedor e organizador de recursos.


Os quatro segredos da gestão eficaz

Pesquisa exclusiva revela a combinação que abre as portas para melhorar cada vez mais o desempenho da escola


BOA FORMAÇÃO

Além da graduação 
Gestor se destaca ao buscar capacitação para melhorar o trabalho pedagógico

As cinco escolas com resultado superior a seus "pares" no estudo Práticas Comuns à Gestão Escolar Eficaz têm diretores com cursos de especialização em Gestão, Administração Escolar ou Pedagogia, que dizem buscar experiências de bom êxito dentro e fora da rede e são bem informados sobre o que acontece na comunidade e no mundo.

Cultivar esse "capital humano", explicam os pesquisadores, é imprescindível para o trabalho de qualquer gestor escolar porque fornece informações e ferramentas de articulação dos conhecimentos teóricos e práticos e porque o capacita a usar instrumentos de gestão mais efetivos. "Todo bom profissional deve ser gerente do próprio desenvolvimento", afirma Maria Aglaê de Medeiros, mestre em Educação pela Universidade de Brasília (UnB).

Porém a maioria dos diretores entrevistados pelo Ibope aponta uma contradição quando questionada sobre a própria formação inicial: muitos consideram que a faculdade foi boa, mas não os preparou para a realidade de comandar uma escola (confira os números no quadro abaixo). Uma vez no cargo, os cursos de capacitação em serviço oferecidos pelas redes, geralmente focados em conteúdos da gestão administrativa e financeira, também não se revelam suficientes para melhorar o desempenho à frente da equipe.
93% consideram a primeira graduação boa ou ótima.
Porém... 45% afirmam que essa formação inicial não foi adequada à prática como gestores.
O diretor e a qualidade da formação
Os gestores de escolas públicas entrevistados pelo Ibope mostram estar bastante satisfeitos com a primeira graduação que fizeram: 93% consideram a formação inicial boa ou ótima. Contudo, apenas 45% afirmam que ela não foi adequada à prática como diretor escolar e que a realidade oferece questões bem diferentes para serem resolvidas. Quem hoje está no cargo busca apoio para exercer melhor a função em programas oferecidos pelas redes de ensino das secretarias da Educação e pelo MEC: 82% declaram ter feito algum curso ligado às práticas de gestão escolar de 2006 para cá - sendo que 59% afirmam ter frequentado até três nesse período (daí percebe-se como é recente a atenção dada a essa área). Apesar disso, 20% ainda se sentem impotentes frente às necessidades e carências da escola que comandam.

Fonte FVC/Ibope
82% já fizeram cursos específicos de gestão escolar.
Porém 20% ainda se sentem impotentes frente às necessidades e carências da escola.
Segundo os especialistas ouvidos por NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR, o ideal seria que os diretores tivessem encontros periódicos com seus pares, com supervisão, para refletir sobre os problemas reais da escola ou, como sugere Marcelo Soares, diretor de políticas de formação do MEC, com a própria equipe, dentro da escola.

Na busca por mais qualificação, que tipo de curso você deve procurar? Há muitas opções, mas mesmo analistas com trajetórias diferentes, como o pedagogo Vitor Paro, da Universidade de São Paulo (USP), e o administrador Mário Aquino, da FGV, concordam num ponto: o que realmente importa é focar o pedagógico. Cabe ao gestor conhecer profundamente os propósitos educativos e as relações entre o ensino e a aprendizagem. Do contrário, todo o trabalho fica comprometido. Por isso, há tanta gente que defende que, antes de assumir a direção, o profissional tenha experiência dentro da sala de aula.

Além disso, afirmam os especialistas, ganha quem procura conhecimentos de áreas não diretamente ligadas à escola, mas presentes nela, como a Sociologia e a Antropologia (que ajudam a entender a dinâmica das relações que se estabelecem dentro e fora da sala de aula e muitas vezes apontam caminhos para entender os conflitos e buscar soluções).

Portanto, se você tem a intenção de melhorar a sua formação, procure:
- Informar-se sobre os cursos oferecidos pela rede e pelo MEC.
- Criar uma rede de relacionamento com outros diretores de unidades próximas, que permita a troca de experiências e informações.
- Fazer reuniões com professores e funcionários para refletir sobre o cotidiano escolar.
- Dominar os propósitos educativos da escola e criar condições para que eles sejam atingidos.
- Ler textos relacionados a outras áreas (como Sociologia, Antropologia, Economia e Administração), que ajudem a entender o cotidiano da escola.
- Conversar com as famílias e lideranças locais, para se manter informado sobre os principais acontecimentos da comunidade que possam ter reflexos na escola e no comportamento dos alunos.
Especialista em gestão
Foto: Helder Tavares
Foto: Helder Tavares
"Sou graduado em História e pós-graduado em Administração Escolar. Depois de 12 anos de Magistério, passei para o cargo de diretor e estou há 18 anos nessa função. Contudo, nunca parei de buscar formação. Nesse tempo todo, frequentei mais de 30 cursos de especialização em áreas que vão de Educação Fiscal a temas relacionados à formação de professores, o que me ajuda a acompanhar o trabalho do coordenador pedagógico. Foram os conhecimentos que construí com esses cursos que me ajudaram a desenvolver algumas habilidades pessoais importantes para quem está na função de gestor, como a capacidade de compartilhar ideias e liderar equipes, além de conhecer procedimentos técnicos que ajudam na área financeira. Também entrei em contato com experiências que me permitem fazer propostas para melhorar a formação dos professores. Talvez, por causa dessa experiência aliada a uma base teórica, eu seja escolhido pela Secretaria para dirigir escolas 'difíceis', pois procuro construir instrumentos de gestão adequados para cada realidade."

Marcos Vinícius Bezerra é diretor da EE Ministro Jarbas Passarinho, em Camaragibe, PE.
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Fonte: http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/quatro-segredos-gestao-eficaz-escolar-praticas-eficazes-diretor-508635.shtml?page=1

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