Renato Sorriso: bom humor e simpatia na faculdade
No pátio da universidade, em Realengo, Renato Luiz Lourenço, de 48
anos, relembra uma frase que ouvia de sua mãe: "estuda, menino, senão
você vai ser lixeiro". Ela acertou, mas na ordem inversa. E o gari
Renato, que virou Sorriso no carnaval de 1997, varreu as ruas, ou
melhor, a Marquês de Sapucaí, para voltar a estudar.
Desde aquela
sambadinha durante o expediente, tendo a vassoura como estandarte, ele
virou uma espécie de embaixador do Rio. Os aplausos do Setor 1
anunciavam o que estava por vir. E como no verso "E cante um samba na
universidade", de Candeia, a profecia se cumpriu e o gari teve seu "Dia
de Graça" naquele carnaval.
— Agradeço ao seu Guilherme, que me
proibiu de sambar naquele dia. E à plateia, que acabou tomando as minhas
dores — diz Renato Sorriso, estudante do quinto período de Turismo na
Faculdade São José, em Realengo.
A oportunidade da bolsa de
estudos surgiu há três anos, quando, numa entrevista, o gari disse que
gostaria de fazer um curso superior na área. Dias depois, recebeu o
convite.
Mesmo quando tiver o canudo em mãos, ele afirma que
jamais deixará a vassoura, seu "passaporte". Com ela, ele já viajou para
seis países.
— Acredito que tem mais gente precisando de mim
varrendo a rua do que sambando ou fazendo outra coisa — diz o gari, que
bate ponto na Praça Xavier de Brito, na Tijuca:
— Já tentaram me tirar de lá, mas os moradores não deixaram.
Experiência de vida para dar e vender
Como
profissional de Turismo, Renato Sorriso, o único de dez irmãos a chegar
a uma faculdade — o que mais avançou nos estudos chegou ao 8º ano do
fundamental — ele pensa na cidade:
—- Será que agora alguém está pichando o Cristo Redentor? Posso vir a atuar fiscalizando nosso patrimônio.
Dos
colegas da Comlurb, ele costuma ouvir perguntas como "para ir a São
Paulo precisa de passaporte?", "como é uma faculdade?", que gosta de
responder.
Dos colegas de sala de aula, também. Afinal, ele,
morador de Tomás Coelho e criado em Madureira, ambos na Zona Norte, já
representou o Rio em diversos eventos no exterior, como, por exemplo, na
festa de encerramento das Olimpíadas de Londres.
— A experiência
dele é importante para os alunos. Muitos aqui trabalham para pagar a
faculdade, e nunca tiveram a oportunidade de viajar — diz a professora
Simone Dantas.
Depois do Turismo, Renato Sorriso, que acabou de
ganhar bolsa de estudos num curso de inglês, pretende estudar também
gestão ambiental.
— Acho que vai ajudar na minha profissão.
Fonte: http://extra.globo.com/noticias/rio/zona-oeste/renato-sorriso-bom-humor-simpatia-na-faculdade-6893460.html#ixzz2E5sdzSS4
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